Alberto Bettiol está competindo pela Itália nas Olimpíadas de Paris, mas quer voltar para casa de bicicleta. De rotas de peregrinação a passeios de bicicleta elétrica em Roma, estes são seus passeios italianos favoritos.

Muitos turistas visitam a Itália por sua arte e gastronomia. Além de seus museus repletos de obras-primas e restaurantes mundialmente renomados em cidades que parecem joias, você descobrirá cenários naturais deslumbrantes com grandes lagos, cadeias de montanhas rochosas e colinas bucólicas com vilas dignas de cartão-postal. Um paraíso para ciclistas.
As 20 regiões da Itália têm excelentes ciclovias, o que sustenta uma forte economia ciclista. Entrevistamos Alberto Bettiol, ciclista de estrada da UCI WorldTeam EF Education–EasyPost, natural da Toscana, sobre suas experiências favoritas de ciclismo na Itália.
Desde 2014, Alberto Bettiol participa dos principais eventos de ciclismo do mundo como ciclista profissional de estrada. Ele venceu o evento Milão-Turim em 2024 e representará a Itália nas Olimpíadas de Paris.
O ciclismo é popular na Itália, acrescenta Bettiol. "Temos uma tradição de ciclismo desde o início dos anos 1900, começando com Learco Guerra e, claro, Gino Bartali."
Bettiol, que venceu os Jogos Olímpicos Milão-Turim 2024, Giro d'Itália e Tour de France, representará a Itália nas Olimpíadas de Paris. "Depois, volto para a Toscana", diz. "Finalmente terei uma folga... Como geralmente são ao ar livre, ciclistas profissionais têm dificuldade em identificar 'casa'. Volto para Castelfiorentino o mais rápido possível."
Bettiol gosta de pedalar pela Itália para se divertir e reabastecer em pontos de parada para comer. "É legal visitar Florença, Siena, Pisa", acrescenta Bettiol. "Mas a Itália tem cidadezinhas com história, paisagens e uma culinária deliciosa. Cada refeição tem uma história."
Aqui estão as principais viagens de bicicleta pela Itália feitas por Bettiol.
1. Val d'Orcia (bicicleta de cascalho ou de estrada) para entusiastas do vinho
Com suas encostas ondulantes e arquitetura renascentista deslumbrante, a Toscana, terra natal de Bettiol, está na lista de desejos de qualquer italiano, como demonstra o enorme fluxo de visitantes. O destino de ciclismo favorito do campeão é a Toscana, com suas sinuosas strade bianche (estradas de cascalho branco).
O Giro di Toscana de Bettiol começa em Siena, famosa pela corrida de cavalos Palio, que acontece duas vezes por ano na cavernosa Piazza del Campoon, nos dias 2 de julho e 16 de agosto. Em seguida, segue para o sul, passando por Montalcino, Pienza e Montepulciano, as vilas de cor avermelhada do Vale do Val d'Orcia. "O Val d'Orcia é Patrimônio Mundial da Unesco", acrescenta. "Você pode fazer uma degustação de vinhos em Montalcino e experimentar o famoso queijo pecorino de Pienza."
O rico vinho Brunello de Montalcino harmoniza bem com Pecorino di Pienza, um queijo romano mais suave. Bettiol deixa sua barraca na vinícola Ciacci Piccolomini d'Aragona, em Montalcino. "Só se pode chamar um vinho de Brunello di Montalcino se ele for cultivado em Montalcino", acrescenta.
O ciclo do Val d'Orcia pode levar horas ou um fim de semana. "Você não pode errar se ficar hospedado em um Airbnb ou em um agroturismo por lá", explica Bettiol. "Todos são encantadores e provavelmente oferecem pratos feitos por avós. Isso também é experiência."
2. Roma (e-bike) é melhor para passeios urbanos.
Bettiol prefere o ciclismo de estrada, embora adore o ciclismo urbano italiano, especialmente em Roma. Em "Roma é linda", comenta Bettiol, "Roma precisa ser explorada de bicicleta."
Apesar da cidade constantemente turística, Bettiol diz que andar de bicicleta pelos pontos turísticos famosos e pela multidão ensolarada dá um toque de frescor. Mas "Roma é tão caótica", diz ele. "Cuidado com os buracos no asfalto. Muitas scooters elétricas e taxistas — loucura. A vida na cidade é agitada."
Bettiol gosta de passear pelas vielas históricas de Roma e ouvir o som agridoce das ruínas romanas em ruínas espreitando por entre praças barrocas e palácios renascentistas. Naturalmente, reabastecer as energias com as famosas massas romanas. "Você precisa experimentar pratos tradicionais romanos como bucatini all'amatriciana e cacio e pepe", acrescenta. "Adoro jantar perto do Coliseu."
3. Melhor para peregrinação: De bicicleta, Via Francigena
A cultura da bicicleta na Itália começou no início dos anos 1900, mas esta rota de peregrinação do século VI agora é uma trilha para caminhadas e passeios a cavalo. De Canterbury, na Inglaterra, a Via Francigena levava peregrinos medievais aos locais sagrados de Roma, passando pela França, Suíça e Itália até a Apúlia.
Bettiol passou a vida observando peregrinos e ciclistas passarem por Castelfiorentino na Via Francigena. "É incrível quantas pessoas fazem isso", acrescenta. "A ideia de construir esta rota de Canterbury a Roma é extraordinária. Eras atrás. Essas paisagens deslumbrantes a tornam irrelevante para quem é religioso."
Peregrinos e exploradores modernos têm muito mais facilidade do que seus modestos ancestrais na trilha de 1.700 km, que abrange paisagens alpinas, florestais, lacustres e montanhosas, incluindo algumas das estradas mais antigas da Europa. A Via Francigena patrocinou albergues, pousadas, Airbnbs, restaurantes e postos de gasolina bem abastecidos. "Tudo é rastreado", acrescenta Bettiol sobre as estações de GPS da trilha. "Para que você não se perca."
Site: https://viefrancigene.org/en/
Instagram: @viafrancigena_eu
4. Melhor bicicleta de estrada para um fim de semana romântico: Langhe
"Outra parte da Itália que eu realmente gosto é a região de Langhe, ao sul de Turim", acrescenta. "Há encostas mais íngremes, parecidas com as da Toscana. Vinhos deliciosos. Refeições deliciosas!"
Bettiol recomenda um fim de semana romântico na região de Langhe, no Baixo Piemonte, na Itália, entre o Rio Pó e os Apeninos da Ligúria: "Bicicleta pela manhã, degustação de vinhos à noite. Perfeito."
O passeio de bicicleta de dois dias de Bettiol começa em Alba, conhecida por suas trufas brancas. "É lá que começa a subida", acrescenta. "É uma paisagem repleta de colinas íngremes, vinhedos e pequenas cidades com pequenos castelos no topo de pequenas colinas." Os passeios pela cidade incluem a Fábrica Ferrero, que produz Nutella, e seu aroma delicioso. "Você também pode visitar Turim", acrescenta Bettiol. "Não muito longe. A cidade histórica da Fiat é significativa."
Mas o destino favorito de Bettiol em Langhe é o Relais San Maurizio, cinco estrelas, em Santo Stefano Belbo. "Não é tão barato", ele avisa. "Mas é encantador. Um mosteiro elevado transformado em relais e castelo de luxo. Esta igreja medieval desconsagrada serve café da manhã entre videiras. O spa usa água do Mar Negro. E também um restaurante com estrela Michelin. Você se esforça na bicicleta e depois descansa."
5. Região dos Lagos (bicicleta de estrada, e-bike ou ciclo de estrada elétrico) para uma excursão de uma semana
Onde os visitantes veem uma foto atrevida, Bettiol vê uma aventura de bicicleta de uma semana nos lagos cristalinos do norte da Itália.
A dinastia ducal Borromeu controlava as três Ilhas Borromeu no Lago Maggiore, de onde Bettiol recomenda começar. Continue até o Lago Lugano e o Lago Como após 39 km de ciclismo rápido. "A vila de George Clooney, claro, e todas as vilas dos atores", acrescenta. "Vá para o norte a partir do Lago Como para descobrir Bellagio. É preciso uma subida histórica e íngreme para chegar àquela pequena vila." De Bellagio, suba 9 km até La Madonna del Ghisallo, a padroeira dos ciclistas, e o Museu do Ciclismo, onde Bettiol diz que "você encontrará camisas antigas e aprenderá sobre a história do esporte".
O destino final é o Lago de Garda, 180 km a sudeste. "O maior lago da Itália", diz Bettiol. "O círculo tem mais de 200 km. Belas cidades como Sirmione. Vá para o norte, para Trentino, e coma polenta (farinha de milho saborosa), maravilhosa no inverno. Muitos bares lá em cima, perfeitos para quem gosta de andar de bicicleta."
O Lefay Resort & Spa cinco estrelas no Lago de Garda, em Gargnano, é a hospedagem preferida de Bettiol, que costuma pedalar de bicicleta de estrada, e-bike ou bicicleta elétrica. Os lagos são grandes, explica ele. "Então você pode ir mais rápido."
6. Dolomitas (mountain bike) para subidas íngremes
O verão traz visitantes para a Itália e italianos para as Dolomitas.
As Dolomitas, uma região montanhosa no nordeste da Itália, são o melhor refúgio italiano por sua comida deliciosa, inúmeras atividades ao ar livre e temperaturas moderadas de verão que raramente ultrapassam 25°C.
"É preciso estar preparado porque as subidas são longas e difíceis", explica ele. "Mas eu adoro as Dolomitas."
Bettiol sugere uma semana para escalar e atravessar os grandes desfiladeiros da região. "Comece por Sellaronda", sugere Bettiol. Depois, por Pordoi, Valparola e Sella. Os visitantes de Val di Fassa podem visitar San Pellegrino. Visitamos a região anualmente com o Giro d'Italia."
Livigno, o "Tibete da Itália" no Vale Valtellina, é outro favorito de Bettiol. "Há ótimos passeios de bicicleta lá, e você encontrará ciclistas profissionais", acrescenta. "Como eu, pedalo lá desde 2011. Perto de Tirano, você pode pegar o Bernina Express." Este trem atravessa as vistas alpinas, desfiladeiros e geleiras mais deslumbrantes da Suíça, tornando-o mais divertido pedalar em vez de pedalar.
“Quando me aposentar do ciclismo, talvez eu trabalhe com turismo”, pensa Bettiol. “Gosto de instruir visitantes. Valorizo a paixão deles. Talvez eu embarque nessa nova jornada quando encerrar minha carreira.”